quinta-feira, 19 de agosto de 2021

"Feiticeira" - Delfim Guimarães


 


Feiticeira




Nunca lhe confessara o amor ardente


Que ela em mim despertou, mal eu a vira;


Escondia-o no peito, avaramente,


Receando que alguém mo descobrira.




Guardava-o p'ra comigo unicamente...


Arrancar-mo? Ninguém conseguira!


Dizer-lho a ela? Nem sequer à mente


Essa ideia, confesso, me acudira.




Mas certo dia, em seu olhar doce


Vi fugir um clarão, o quer que fosse


Que me intrigou... Interroguei-a a medo,




E soube então, surpreso e alvoroçado,


Que os seus olhos haviam desvendado


O que eu na minha alma guardava: o meu segredo!

 


 



 

Delfim Guimarães




 

 

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