"A indiferença do silêncio" - Rwesy
A indiferença do silêncio
Estendeu com bravura em toda largura
O véu escuro repleto de conformismo
E sem qualquer amargura na compostura
Abrigou a resignação do individualismo.
A mímica do silêncio esdruxulamente barulhenta
Não conseguiu demover a indiferença do egoísmo
E no regaço do peito do descaso consumista
Se abrigou na insensibilidade do individualismo.
É
espantoso ver como o sistema amança, silencia e sufoca em cada alma
A simplicidade do gesto de solidariedade activa em cada um de nós
E tolhe o passo do agir em defesa doutros seres humanos como nós
Quando não somos vítimas directas da bestialização do sistema.
No consolo da imperfeição do silêncio da indiferença
Vou acreditando que os homens só nascem para amar
E mesmo se a rudeza da peregrinação os ensinar a odiar
Ainda vamos reflorir em nós o amor e a inocência da criança.
Fim
Rwesy
Moçambique, Maputo 20/07/21
1 comentários:
Prezado poeta Rwesy,
Não é a primeira vez que leio palavras suas, tão cheias de verdades, de simbologia como as deste poema que finaliza:
... "E mesmo se a rudeza da peregrinação os ensinar a odiar
Ainda vamos reflorir em nós o amor e a inocência da criança..."
Há momentos que sinto que a criança que há em nós, a educação
recebida e a sociedade em que estivemos inseridos (se boa na nossa ótica), faz de nós o retrato do que somos, ou pelo menos uma boa moldura que fala
por nós. Mas quando vejo imagens das guerras no mundo, pergunto-me se esse
homem é, ou pode ser, o mesmo homem que se transforma em besta e faz as guerras.
Acredito que um dia nos encontraremos e num abraço de irmãos nas letras e
na fratria que une os seres humanos, recordaremos estas palavras. Assim o espero e para não o deixar curioso acrescento: E por que não, se sou tia de familiares seus? Já li outros escritos seus e espero continuar a ler, porque vale a pena. Abraço de parabéns.
Celeste Cortez
Postar um comentário