segunda-feira, 16 de agosto de 2021

"Uns quantos haikus para a minha amada" - Casimiro de Brito

 




Uns quantos haikus para a minha amada



apagas a lâmpada


sabes que a luz da tua pele


me vai alumiar



um banho de lua


antes de cantar contigo


na cama nua



oh a minha mão


tem a forma do teu seio


deixa-me afagá-lo



o nosso amor voa


no ar na terra e no mar


duas borboletas



nua luminosa


a pele branca de quem amo


em ti me derramo



nunca pensei que fosses


tão leve como o vento


e ambos flutuamos



em busca da fonte


encontrei a tua flor


rio truculento



a vida é efémera


diz-me a flor incandescente


da minha amada



bebendo o teu mel


a terra toda bebo


que mais desejar?



em ti me derramo


sob a tenda azul do céu


já não sei onde estou



derramo em ti


lágrimas desamparadas


oh que já são chuva



bebi o meu vinho


no corpo da minha amada


ambos embriagados




Casimiro de Brito



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