CORRESPONDÊNCIA ESCOLHIDA: Digitais e implacáveis
Ao longo da vida, Susan Sontag encheu seus diários com listas de palavras (“tegumento”, “fedora de aba caída”, “mingau”, “mofa”) que encontrava em suas leituras e viagens. Essas listas e os diários que as contêm podem ser consultadas, em grande medida, do mesmo modo como pesquisadores sempre consultaram arquivos literários: indo à biblioteca onde estejam –no caso, o Departamento de Coleções Especiais da Biblioteca de Pesquisas Charles E. Young, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA)–, preenchendo alguns formulários e aguardando enquanto o encarregado busca o desiderato nas estantes.
Uma expressão brasileira faz logo sentido para qualquer um que já tenha pesquisado uma coleção tão vasta quanto a de Sontag: “arquivos implacáveis”.
Quando cheguei a Los Angeles, no início de janeiro, para trabalhar na biografia de Sontag que estou escrevendo, imaginei que três meses seriam mais que suficientes. Ao longo dos dois últimos anos, li a obra dela e viajei, principalmente pela Europa e pela América Latina, a fim de encontrar as pessoas que possam me ajudar a reconstruir seu eu implacável.
É difícil –impossível– pensar em um escritor norte-americano importante do século 20 com uma vida tão internacional quanto a de Susan Sontag. Mesmo os expatriados famosos de gerações anteriores tendiam a se fixar em destinos bastante comuns, como Londres, Paris ou Roma. Londres, Paris e Roma eram importantes para Sontag, mas São Paulo, Estocolmo e Sarajevo também.
Pra ler o texto completo de Benjamin Moser clique aqui
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