quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

VÍDEO: Michael Löwy: Sociologia marxista da religião (Curso / Aula 1)


Aula de abertura do curso "Sociologia marxista da religião", ministrado por Michael Löwy no curso de pós-graduação em sociologia da USP e viabilizado pelo Programa Escola de Altos Estudos da CAPES. Intitulada "Karl Marx como sociólogo da religião", a aula foi realizada no dia 24 de setembro de 2014 e marcou o lançamento do livro "A jaula de aço".
São apresentados alguns autores importantes da sociologia marxista da religião, dando particular enfase à cientistas sociais que geralmente não são considerados como "sociólogos da religião". A reflexão marxista sobre a religião não pode ser reduzia a clássica fórmula "o ópio do povo". Não só os escritos de Marx e Engels sugerem uma visão bem mais rica e complexa dos fatos religiosos, mas existe uma grande diversidade de enfoques, com um caráter interdisciplinar, na nebulosa do pensamento marxista do 20.
Este é um aspecto geralmente ignorado nos programas de sociologia da religião, mas também nos estudos sobre a historia do pensamento marxista. Vários dos autores aqui discutidos são marxistas "heterodoxos" e suas interpretações de fenômenos religiosos são bastante inovadores em relação aos "clássicos", mesmo se ha uma continuidade ao nível metodológico. Serão abordados tanto objetos que geralmente não são considerados como "religiosos" (por exemplo, o capitalismo), assim como fatos que fazem parte do repertorio tradicional das ciências sociais da religião (milenarismos).
Pensadores abordados
➊ Karl Marx como sociólogo da religião.
A concepção da religião como “ópio do povo” é neo-hegeliana; anterior ao marxismo. O estudo materialista histórico da religião como uma das formas da ideologia, em conexão com as relações sociais, só começa com a Ideologia Alemã (1848).

➋ Friedrich Engels como sociólogo da religião.
Engels se interessa sobretudo pelas formas revolucionarias da religião, como por exemplo em seu livro "clássico" A guerra dos camponêses (1850), que estuda as bases sociais do movimento anabaptista do século 16 e o papel do teólogo Thomas Münzer.

➌ Walter Benjamin (1892-1940) e a religião capitalista.
Em um fragmento descoberto recentemente, datado de 1921, Walter Benjamin utiliza uma expressão de Ernst Bloch para analisar, partindo de Max Weber, o capitalismo como religião.

➍ Antonio Gramsci (1891-1937) : marxismo e religiâo.
Em seus escritos de juventude Gramsci se interessa pelo potencial utópico da religião, mas no Escritos do Carcere seu tema é o papel conservador da Igreja, e em particular dos Jesuítas, na Itália.

➎ Ernst Bloch (1885-1977) e a religião como utopia.
"Ateu religioso", Ernst Bloch aborda em seus escritos a dimensão utópica da religião; seu estudo sobre Thomas Münzer, teólogo revolucionário (1921) se inspira em Engels, mas da um especial destaque ao milenarismo cristão.

➏ José Carlos Mariátegui (1894-1930): socialismo e "mística".
Na obra do revolucionário peruano, de inspiração marxista romântica, a religião profana ocupa um lugar importante, como dimensão do projeto socialista.

➐ Lucien Goldmann (1913-1970) e a sociologia do Deus Escondido.
Goldmann examina, em seu livro "O Deus Escondido" (1955) a relação entre o Jansenismo e a crise da nobreza togada no século 16. Alem disso, ele sugere que a aposta, no sentido de Pascal, é uma matriz comum da fé religiosa e da utopia socialista.

➑ E.P.Thompson (1924-1993): a religião dos operários.
Partido dos escritos de Max Weber, o historiador marxista inglês E.P.Thompson estuda o papel do metodismo na submissão dos operários ao trabalho industrial – mas também a efervescência sócio-religiosa contestaria suscitada pelos metodistas dissidentes.

➒ Eric Hobsbawm (1917-2012): sociologia do milenarismo camponês.
Em seus trabalhos sobre os "rebeldes primitivos", Eric Hobsbawm descobre o papel subversivo do milenarismo camponês, na Itália e na Andalusia, em fins do século 19.

Para ver a conferência de Michael Löwy clique no vídeo aqui

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