"Os livros" - Luís Serrano
Os livros
Os livros acendem-se
devagar
nas suas mãos
são a memória
da madeira fermentada
sob a chuva
se a escrita
não é mais
que dor dolorosa
sombra
estreme
haste
arrefecida
ou eco longínquo
de desencontros
espada e gume
de todas as utopias
O escritor
esconde-se nos dédalos
da sua escrita
retoma velhas palavras
para dizer que sim
para dizer que não
O escritor
escreve paciente
e aguarda
que a terra
lhe seja o último grito
a última
dor
Luís Serrano
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