"Poema sujo" - Ferreira Gullar
Poema sujo
Voais comigo
sobre continentes e mares
e também rastejas comigo
pelos túneis das noites clandestinas
sob o céu constelado do país
entre fulgor e lepra
debaixo de lençóis de lama e de terror
vos esgueirais comigo, mesas velhas,
armários obsoletos gavetas perfumadas de
passado,
dobrais comigo as esquinas do susto
e esperais esperais
que o dia venha
E depois de tanto
que importa um nome?
Te cubro de flor, menina, e te dou todos os
nomes do mundo:
te chamo aurora
te chamo água
te descubro nas pedras coloridas nas artistas
de cinema
nas aparições do sonho
Ferreira Gullar
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