"Companheirismo" - Nisrin Ibn Larbi
Companheirismo
São cegas as suas laringes
nunca chorou uma pomba ou cantou
estava a seduzir o gemido das entranhas.
Tudo quanto viu nunca pôde instigá-la com o gemido,
o nascer ou o pôr-do-sol
seria o mesmo para ela.
O meu gemido é visionário
só se contenta com a saída do sol.
O gemido dispersou o véu do silêncio
debaixo da asa da mosca encontrarias a voz,
e debaixo da asa do corvo descobririas o gemido.
O gemido clamou:
Não me ocultes como o corvo debaixo da tua asa
solitário explodiu o meu gemido, extraviou-se, perdeu
a voz.
A eminência é uma emanação da profundidade
sobre ela se derrama a voz e assim conseguiu gritar.
De mim, e não para mim escapou o gemido
Que nunca me atingiu, mas com a minha alma pôde alcançar
os seus confins.
O meu gemido
não me reconheceu quando saiu de mim.
O meu gemido
não me reconheceu quando saiu de mim!
O meu gemido,
Oh, traído pelo eco e pelo vazio!
Nunca deixou de voar o pássaro do gemido no teu céu.
O seu céu abraça o vazio.
Nisrin Ibn Larbi*
*Nisrin Ibn
Larbi nasceu em Tetouan (Marrocos) em 1981. Poeta e professora de língua espanhola e
literatura na Faculdade de Letras e Ciências Humanas da Universidade Abdelmalek
Essaadi de Tetouan. É doutorada pela Universidade de Granada com uma tese
sobre La Dualidad Cervantina. Historia, literatura y moriscos en el
Siglo de Oro. Membro de vários comités, tanto em Marrocos como em
Espanha, tem proferido várias confer& ecirc;ncias. Ao poema que aqui se
publica, foi atribuído, em 2013, o XII Premio Rafael Alberti de Poesía,
promovido pela Consejería de Educación Embajada de España en Rabat. Os seus
poemas têm aparecido nas revistas Aljamía, da Consejería de Educación en Marrocos, e na
revista Dos Orillas, de Algeciras. Publicou o poemário A
Fuga na antologia poética Estrecheños, em
2015, e figura n a antologia Encuentro Rencontre, publicada em 2017.
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