quarta-feira, 1 de maio de 2024

"A Internacional" - Carlos Loures

 




Ao contrário do que é convicção generalizada, o hino A Internacional não é uma criação ligada aos partidos comunistas. Foi no dia 18 de Junho de 1888 que Pierre De Geyter (1848-1932), um operário anarquista de origem belga, musicou o poema que serviu de letra à sua composição musical, um poema escrito em francês no ano de 1871 por Eugene Pottier (1816-1887), também ele operário e  anarquista, membro da Comuna de Paris (1871). O autor da versão portuguesa da sua letra foi o anarco-sindicalista Neno Vasco (1878-1923), um poeta e advogado, nascido em Portugal, mas emigrado para o Brasil, que em 1909 traduziu o poema de Pottier para português, acompanhando de perto o original do communard, e refletindo no seu fraseado a influência da literatura e poesia ligadas ao anarco-sindicalismo.

 

Após o sangrento esmagamento da Comuna, em cuja defesa participou, Pottier partiu para o exílio durante o qual escreveria diversos poemas, entre os quais o que viria a constituir a letra de A Internacional. A sua intenção era a de que o poema fosse cantado com a música da Marselhesa.

 

Porém, em 1888, Pierre De Geyter musicou o poema. Foi no dia 18 de junho de 1888. De Geyter,  que vivia com a família na cidade francesa de Lille, recebeu nesse dia a oferta de um livro de poemas de Eugéne Pottier. Impressionado com a pujança das palavras, terá composto a música de um jacto. Mas só a partir de 1896, após a realização do congresso do Partido Operário Francês realizado nesse ano, em Lille, foi tocado e cantado, o hino se espalhou por França e pela Europa através dos delegados estrangeiros presentes. Embora todas as raízes de A Internacional liguem a vibrante composição ao anarquismo, o hino foi adoptado por comunistas e social-democratas.

 

Em Portugal, quer a versão comunista,  quer a social-democrata, alteraram alguns dos versos de Neno Vasco. Mas isso é natural e pouco importante. Instrumento político, não faria sentido que contrariasse aspectos fundamentais do comunismo ou da social-democracia. Que a reivindique quem entender – é o hino da Revolução. Vamos ouvir duas versões deste hino, uma clássica e com orquestra e coros regidos pelo grande Arturo Toscanini (1867-1957) e outra, recente e em ritmo popular latino americano. A indestrutível força da composição de Geyter e as palavras de Pottier, resistem a alterações de forma e de conteúdo.

 

E assim será até que uma terra sem amos substitua a caduca sociedade capitalista.






Para assistir à interpretação de "A Internacional" conduzida pelo maestro Arturo Toscanini clique no vídeo aqui







Para assistir à interpretação de "A Internacional" na versão latino-americana e caribenha clique no vídeo aqui


0 comentários:

  © Blogger template 'Solitude' by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP