MACHADO REVISITADO: Simples assim
Já pensou se vira moda essa história de dar uma guaribada no Machado de Assis para “facilitar” a leitura? A ideia, se bem entendi, é preparar o jovem leitor, esse burrinho, para um contato, mais adiante, com os textos originais. Em vez de batalhar para elevá-lo desde já às culminâncias da prosa machadiana, sem paternalismo, vamos puxar o Machado para baixo, expurgando tudo aquilo que não dê para entender logo de cara, o que, de quebra, dispensaria pais e mestres de muito esforço pedagógico.
Eliminar, para começo de conversa, aquelas palavras difíceis que o pernóstico do Machado insistia em usar. Opróbio. Incúria. Inextricável. Ritmos, sonoridades, sutilezas? Vamos ao que interessa, pô! Porque tem isto: o cara não vai direto ao ponto. Você custa a entender o que de fat se passou. Aquele lance da tal da Capitu no Dom Casmurro: até hoje ninguém sabe ao certo se a criatura traiu ou não o marido, Bentinho, com o melhor amigo dele, o Escobar. Faltou esclarecer, sem blá-blá-blá: a Capitu botou ou não chifre no Bentinho?
Fico a imaginar se o Machado de Assis não resultou um escritor pouco direto exatamente por lhe ter faltado, nos anos de formação, alguém que houvesse adaptado os livros que ele lia. Um Shakespeare simplificado, por exemplo, teria sido uma boa escola de clareza para o nosso Machado, moço mulato e pobre na então provinciana cidade do Rio de Janeiro. Aos poucos, num paciente aprendizado, ele poderia ter subido às culminâncias da arte do vate (isto é, poeta) inglês.
Para ler o texto completo de Humberto Werneck clique aqui
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