"Do amor não quero nada além do início " - Mahmoud Darwish
Do amor não quero nada além do início
Do
amor não quero nada além do início, nas praças da minha Granada
as
pombas remendam as vestes do dia.
As
jarras estão cheias de vinho para a festa depois da nossa partida.
Sobram muitas janelas nas canções para explodir a flor de granada
Deixo
o jasmim no vaso, deixo o meu coração pequeno
no
armário da minha mãe, deixo o meu sonho rindo na água,
deixo
a aurora no mel do figo, deixo o meu dia e anoiteço
na
senda até a Praça da Laranja onde as pombas revoam.
Teria
sido eu quem desceu até os seus pés para erguer a fala?
Lua
branca no leite das suas noites... bate o vento
e
eu vejo a rua azul da flauta... bate a tarde
e eu vejo como adoece entre nós o mármore.
As
janelas abandonaram os pomares do seu xale. Em outro
tempo
eu sabia muito sobre você, colhia gardênias
dos
seus dedos. Em outro tempo obtinha pérolas
torneando
o seu colo, e um nome num anel por onde iluminava o escuro.
Do
amor não quero nada além do início, as pombas voaram
acima
da última esfera do céu, as pombas voaram, revoaram.
Restará
muito vinho nas jarras, depois da nossa partida,
basta
bem pouca terra para nos encontrar e se dar a paz.
Mahmoud Darwish
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