domingo, 3 de dezembro de 2023

"A Solidão e Sua Porta" - Carlos Pena Filho

 



A Solidão e Sua Porta





Quando mais nada resistir que valha


a pena de viver e a dor de amar


E quando nada mais interessar


(nem o torpor do sono que se espalha)


Quando pelo desuso da navalha


A barba livremente caminhar


e até Deus em silêncio se afastar


deixando-te sozinho na batalha



Arquitetar na sombra a despedida


Deste mundo que te foi contraditório


Lembra-te que afinal te resta a vida



Com tudo que é insolvente e provisório


e de que ainda tens uma saída


Entrar no acaso e amar o transitório.



Carlos Pena Filho


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