"O Esquizofrênico" - Fernando Py
O Esquizofrênico
No seu delírio
vai compondo os gestos
diante da
plateia inexistente;
ele próprio é a
plateia, mas não sente
do espetáculo
mais que os pobres restos
que a memória
lhe acende nos esgares
da fisionomia
descomposta.
No seu delírio a
fala, sem resposta,
se resolve em
grunhidos singulares,
num discurso
arbitrário de fonemas
reduzidos à
simples expressão
de sons primevos
que de sempre estão
revelando carências,
e as extremas
ruínas de seu
cérebro em pedaços.
Os gestos
multiplicam-se em algemas
e a plateia se
cala, membros lassos.
Fernando Py
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