"À espera" - Manuel Filipe
À espera
Ainda te espero,
num dia em que a alma se vista de azul.
À esquina do tempo, procuro o teu rosto
entre milhares de outros,
definitivamente iguais.
Ainda te espero,
em jardins esquecidos, no negro paúl,
perdido num cais.
Os meus olhos febris
revolvem o livro que nunca escrevemos
e que mudo me diz que não morreremos,
pois ainda te espero.
Deliro na treva, desces no luar
que me assombra as noites
e acordo ao teu lado.
Grita-me o silêncio,
qual sino a dobrar
que o fim está para chegar
e ainda te espero.
Manuel
Filipe
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