sábado, 6 de novembro de 2021

"À espera" - Manuel Filipe

 




À espera



 

 

 

Ainda te espero,


num dia em que a alma se vista de azul.




À esquina do tempo, procuro o teu rosto


entre milhares de outros,


definitivamente iguais.




Ainda te espero,


em jardins esquecidos, no negro paúl,


perdido num cais.




Os meus olhos febris


revolvem o livro que nunca escrevemos


e que mudo me diz que não morreremos,


pois ainda te espero.




Deliro na treva, desces no luar


que me assombra as noites


e acordo ao teu lado.




Grita-me o silêncio,


qual sino a dobrar


que o fim está para chegar


e ainda te espero.



 

 

 

 

 

Manuel Filipe



 

 

 

 

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