domingo, 8 de junho de 2014

ENTREVISTA / VALTER HUGO MÃE: Os fiordes de todos nós


Quando o poeta gaúcho Mario Quintana escreveu Das utopias (Se as coisas são inatingíveis ora, / Não é motivo para não querê-las / Que tristes os caminhos se não fora / A mágica presença das estrelas!), publicado no livro Espelho mágico, Valter Hugo Mãe ainda não era nascido. Mas tais versos contam muito sobre a personalidade deste escritor angolano de 42 anos, radicado em Portugal desde pequeno e vencedor, em 2007, do importante Prêmio Literário José Saramago. Valter, como não se incomoda de dizer, é um ser utópico. Sim, acredita que evoluiremos como sociedade a caminho de não haver mais disputas e ódios ao redor das relações humanas – “mesmo que leve um milhão de anos”, em suas próprias palavras. Mas essas esperanças convictas não o impedem (e por que impediriam?!) de sentir com demasiada profundidade tristezas e decepções.

Ao mesmo tempo que celebra o lançamento do livro A desumanização – que se soma a mais de 30 títulos, de poesias e romances, já publicados de sua autoria –, chegando ao mercado brasileiro neste mês, ele permanece abalado pela crise econômica e social instaurada em seu país e no resto da Europa. “Nós sabemos ser melhores, sabemos perfeitamente criar uma sociedade melhor, mas nós não fazemos isso. Reincidimos no erro. Isso está levando a uma perda enorme de identidade e, fatalmente, a uma desumanização.”

Na nova publicação, Valter, pela primeira vez, ultrapassa na sua narrativa as fronteiras portuguesas, ao contar uma história toda vivida e sentida na Islândia. De imediato, o leitor se depara com o enterro da criança Sigridur, irmã gêmea de Halla. É essa última que narrará, ao longo do tempo que passa desde o falecimento, o ambiente paranoico que devasta sua família, a ruptura da infância, o contato com a dor e o consequente amadurecimento precoce... Enfim, o que as perdas levam e trazem de volta. “Os meus livros são sempre uma espécie de interpelação ao Criador. Eles são uma tentativa de que Ele se explique, que a natureza se explique”, conta o escritor .
Para ler a entrevista de Valter Hugo Mãe clique aqui

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