sábado, 21 de setembro de 2013

"Penélope Secreta" - Mônica de Aquino



Penélope Secreta


Um homem chegou no dia

em que não havia espera.


Na porta, somente o cão

guardava o tempo.

 
E o tempo era correr

atrás do rabo.
 

O homem tomou o castelo,

a cama, o arco.

 
Agora, dorme ao meu lado

descansa da travessia.

 
Não sabe seu gosto de mar

 
não sabe que traz, na pele, a alma do mar.

 
Preciso partir para esse lugar

de onde o homem voltou
 

(o amor, agora, é o mar)

 
Comecei a tecer uma rede de 

pesca.

 
Comei a tramar

certo corpo de barco.

 
Agora, tranço os cabelos

e olho pela janela.

 
É quando ele desperta

desfaz a cama, desfia os planos

 
desata a trança, pisa na rede

 
e sinto, de novo, o mar.

 
De repente, partir é igual

a ficar.

 
Mônica de Aquino

 



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