sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Nós e a seta com veneno: o risco etnicista na Guiné-Bissau


“Afinal tu és o quê?”. Como o debate era sobre os sentimentos regionalistas que têm fraturado os países europeus, presumi que a pergunta era sobre a minha nacionalidade. Respondi: “Sou da Guiné-Bissau! Sou guineense!”. Ao que o senhor responde: “Não! És o quê? És o quê de facto?”. Reforcei: “Sou guineense! Sou cidadão guineense!”. O senhor olhou-me fixamente e disse: “Não, tu não és guineense! Não existe essa coisa de ser guineense”. Sorri condescendentemente – pois pensei que estava perante alguém que tinha acabado de enlouquecer – e disse: “Meu caro, eu sou guineense, pertenço à nação guineense e tenho a nacionalidade guineense. Portanto, sou guineense!”. Nisto, diz-me ele: “Não existe a nação guineense. A nação guineense é uma coisa inventada. Logo, tu não és guineense! Tu és fula, manjaco, papel, balanta ou de uma das outras etnias que por lá andam! Não és guineense porque isso não existe!”. A indignação subiu-me pelo peito, a conversa azedou de forma irreversível e a paciência esgotou. Decidi sair de cena, seguir o meu rumo…
Na solidão dos meus pensamentos não pude deixar de reparar que aquela conversa trazia, nos seus bastidores, uma série de questões que, como guineense, não poderia ignorar. Ao meditar sobre a perturbadora e inesperada conversa, vi-me desafiado a viajar até ao âmago daquela argumentação que considerei atentatória à minha identidade. Atentatória à alma da guinendade.
Para ler o texto completo de Dautarin da Costa clique aqui

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