"O mago sem pombos - XIII" - Gilberto Nable
O mago sem pombos -
XIII
A glória passa, ao longe,
com seus tambores e penachos.
Mas a vida é tão-só desamparo.
Repare no céu imenso,
nesses infinitos vazios,
nas pirâmides do Egito:
magnificência e pó.
Não repare em mim,
que a tua mesa não trago pão,
nem vinho, nem animo festa:
apenas palavra e irrisão.
Como se o vento da Sibéria
soprasse no meu cabelo,
e da ponta de meu coração
pendesse o fogo do gelo,
eu vejo a paisagem de Hiroshima,
o esqueleto descarnado do século,
e meus olhos não choram mais.
Não choram.
Gilberto Nable
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