"De um amor morto" - Sophia de Mello Breyner Andresen
De um amor morto
De um amor morto fica
Um
pesado tempo quotidiano
Onde os
gestos se esbarram
Ao longo
do ano
De um amor morto não fica
Nenhuma
memória
O
passado se rende
O
presente o devora
E os
navios do tempo
Agudos e
lentos
O levam
embora
Pois um amor morto não deixa
Em nós
seu retrato
De
infinita demora
É apenas
um facto
Que a
eternidade ignora
Sophia de Mello Breyner Andresen
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