sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Veja, a tática do cinismo

Uma forma de desvendar a revista Veja é ler as cartas dos leitores, de um entusiasmo algo monótono: “um farol iluminando o mar de lágrimas de nosso mundo político”; “não somente uma bússola [ética], mas também fonte de constância e competência”; uma publicação “livre, corajosa e obcecada pela busca da verdade”.1 Outra é, simplesmente, folhear um exemplar.
A Veja é a revista mais influente da América Latina, com uma tiragem de aproximadamente 1,2 milhão de exemplares, dos quais 925 mil por assinatura, e recruta três quartos de seus leitores entre os 12% de brasileiros mais abastados – população que, parece, não se incomoda com uma visão de mundo conservadora. A seção “Panorama”, por exemplo, exibe regularmente imagens e citações de homens e mulheres públicos: os primeiros, de terno, expressam sempre suas preocupações políticas; elas, pouco vestidas, se inquietam sobre o peso ou as nádegas. Já a publicidade ocupa em média mais de setenta das 140 páginas da publicação. Na edição de 7 de novembro de 2012, os leitores depararam com dezesseis páginas seguidas de propaganda da Procter & Gamble.
É necessário, contudo, desembolsar R$ 9,90 para comprar a Veja em uma banca – o equivalente a 1/60 do salário mínimo. Essa proporção, na França, significaria desembolsar mais de 18 euros por uma L’Express ou Le Nouvel Observateur. Papel fino e principalmente cinza, manchetes capitulares, capa sensacionalista: a Veja não é propriamente uma revista elegante. Sua ambição? Figurar entre as instituições “indispensáveis ao país que desejamos ser”, como proclama seu slogan. E o país a que a Veja aspira não gosta nada do Estado.
Para ler o texto completo de Carla Luciana Silva clique aqui

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