terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Um testamento em aberto para Manoel de Oliveira, 104 anos

De algumas poucas coisas a gente pode dizer: eu estive lá. Eu estive no Action République, em 1976 (ou 1977?). Quem me arrastou “para ver um filme português” foi Ignacio Fuentes, cinéfilo colombiano radical, o mais radical que eu conheci.
Eu, que pouco tempo antes tinha visto “Tras os Montes”, que é uma beleza de filme (de Antonio Reis e Margarida Martins Cordeiro) estava animado com a perspectiva de um cinema português que recomeçava, pós 25 de abril.
Fiquei bem menos animado ao saber que o “Amor de Perdição” a ser exibido tinha quatro horas de duração. Um filme português de quatro horas era, naquele momento, para a gente ao menos desconfiar.

A sala estava cheia. Lotada. Quem fazia a apresentação era ninguém menos que Serge Daney, o grande crítico de sua geração.
Manoel estava lá. Era um velhinho (assim me pareceu). Beirava os 70 anos. Em princípio, podia-se acreditar que recebia o reconhecimento parisiense (ou seja, europeu) e tchau.
Ele tinha, na minha lembrança, mais ou menos as mesmas feições de hoje. E hoje (ou até pouco tempo atrás) Oliveira parece que tem uns 70 anos.
E ele tomou a palavra. E reclamou à beça das novelas brasileiras, que tomavam o lugar das produções portuguesas, de tal modo que seu “Amor de Perdição”, originalmente uma série para TV, nem passou por lá.
Foi sempre assim, aliás: o mundo inteiro bota o cinema de Oliveira nos cornos da Lua. Em Portugal tratam ele como um ninguém. É sempre assim...
Para ler o texto completo de Inácio Araújo clique aqui

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