terça-feira, 14 de maio de 2024

"De: Um Amante da Palestina" - Mahmoud Darwish

 



De: Um Amante da Palestina




Ontem vi você no porto;


Você era um viajante solitário, sem provisões.


Corri até você como um órfão


Pedindo a sabedoria de nossos pais:


"Por que o laranjal verde -


Arrastado para a prisão e para o porto,


E apesar de suas viagens,


apesar do cheiro de sal e de saudade -


Por que sempre permanece verde? "


E escrevi no meu diário:


“Adoro a laranja, mas odeio o porto”.


Fiquei no porto


E observei o mundo com olhos de inverno.


Só a casca da laranja é nossa.


Atrás de mim estava o deserto.


Eu vi você em montanhas cobertas de sarças;


Você era uma pastora sem ovelhas,


Perseguida entre as ruínas.


Você era meu jardim


Quando eu estava longe de casa.


Eu bateria na porta, no meu coração,


Pois no meu coração


coloque portas e janelas, cimento e pedras.




Eu te vi em poços de água


E em celeiros quebrados.


Já vi você em barcos navegando em mesas.


Eu vi você em raios de lágrimas e feridas.


Você é um puro sopro de vida;


Você é a voz dos meus lábios;


Você é água... Você é fogo.




Eu vi você na entrada da caverna,


Secando seus trapos de órfão numa corda.


Eu te vi nas lojas e nas ruas,


Nos estábulos e nos poros do sol.


Eu vi você em canções de órfãos e miseráveis.


Eu vi você no sal e na areia.


Sua beleza era de terra, crianças e jasmim.


Juro


tecer um véu de meus desejos


E bordá-lo com versos para seus olhos


E com um nome que,


Quando regado com um coração


Que se derreteu com seu amor,


Faria com que as árvores voltassem a verdejar.


Escreverei uma frase mais cara que mártires e beijos:


“Palestina ela foi e ainda é!”




Numa noite de tempestade abriu uma janela


e vi uma lua mutilada.


Eu disse à noite: "Vá


além da cerca das trevas!


Tenho um encontro marcado com luz e palavras."


Você é meu jardim virginal


Enquanto nossas canções


São espadas quando as desembainhamos.


Você é fiel como a semente


Enquanto nossas canções


Nutrirem a terra...


Você é uma palmeira na mente,


Não derrubada nem pelo vento nem pelo machado do lenhador.


Suas tranças foram poupadas


Por feras do deserto e das florestas.




Mas eu sou o exilado.


Sele-me com seus olhos.


Leve-me onde você estiver -


Leve-me onde quer que você seja.


Restaura-me a cor do rosto


E o calor do corpo,


A luz do coração e dos olhos,


O sal do pão e do ritmo,


O sabor da terra... da Pátria.


Proteja-me com seus olhos.


Leve-me como uma relíquia da mansão da tristeza;


Tome-me como um verso da minha tragédia;


Leve-me como um brinquedo, um tijolo de casa


Para que nossos filhos se lembrem de voltar.




Os olhos dela são palestinos;


O nome dela é palestino;


Seus sonhos e tristezas;


Seu véu, seus pés e corpo;


Suas palavras e silêncio são palestinos;


Seu nascimento... sua morte.



 

Mahmoud Darwish




Para ter acesso ao mais recente livro de poesia "Nas sílabas do vento" do autor do blog clique aqui

Tragédia no RS: Temos que exigir políticas públicas condizentes com o tamanho da encrenca em que estamos metidos





A orientação política do que vamos fazer daqui para frente importa muito em termos sociais e de resultado”, diz a pesquisadora Luciana Ferrara. Para ler sua entrevista clique aqui

 


Thelma Krug: Sem ciência não há enfrentamento dos desafios crescentes da mudança do clima, diz cientista do IPCC



Marcos Buckeridge: O negacionismo raivoso e a aceitação da ciência das mudanças climáticas



Carlos Atílio Todeschini: O negacionismo ambiental e a inundação de Porto Alegre



Matheus Gomes: O negacionismo climático de Eduardo Leite



Sílvia Marcuzzo: Governo Eduardo Leite não colocou em prática estudos contra desastres pagos pelo estado



Rita Almeida: A quem interessa o Estado mínimo para tragédias máximas?



Paulo Kliass - RS: Um caminho para evitar outras tragédias



Fernando Castilho: Mais uma tentativa de golpe?



João Carlos Salles: A mão de Oza



Fernando Mesquita e Ana Cristina Fernandes: Os impactos e limites do ensino a distância


Carrascos voluntários de Israel

 





Centenas de milhares de pessoas estão sendo forçadas a fugir depois que mais da metade da população de Gaza se refugiou na cidade fronteiriça de Rafah. Para ler o texto de Chris Hedges clique aqui




















































The 1975: "Tootimetootimetootime"

 




Para assitir à interpretação de "Tootimetootimetootime" pelos The 1975 clicando no vídeo aqui

Navegando pelo cinema

 



Filme mais assistido da temporada argentina, "Puan" é melancólico, bem humorado e emocionante



Qualquer espectador menos atento poderia, nos primeiros instantes de “Puan”, pensar estar assistindo a um documentário. Filme argentino de 2023 disponível para o Brasil via Amazon Prime, “Puan”, escrito e dirigido pela dupla María Alche e Benjamin Naishtat, é atualmente a produção mais assistida no país vizinho, e não é preciso se embrenhar muito em seus 109 minutos de duração para que se tenha uma ideia do porquê: apresentando uma narrativa que, em momentos, esbarra no cômico, ainda que flertando com as melancólicas realidades do dia-a-dia, “Puan” aborda com espontaneidade o tipo de realidade com a qual tantos, por todos os cantos da América Latina, infelizmente já conhecem como um fato perpétuo. Para ler o texto de Davi Caro clique aqui







"Jardim dos Desejos", de Paul Schrader




Trata-se de uma audaciosa abordagem das narrativas de “homem em um quarto” de Schrader, onde uma figura solitária, lutando com seu passado e se escondendo atrás de seu trabalho diário, aguarda por mudanças. Para leer o texto completo clique aqui







Uma pausa com "Ella e John"




Os filmes de estrada são recorrentes. De vez em quando um deles é um sucesso comercial ou artístico. Em geral, são produções com garantia de bom faturamento ou inspiradas por algum best-seller da moda. Ou também porque mantêm alimentada a fantasia do espectador de largar um cotidiano exasperante e cinzento para se entregar à aventura do desconhecido na estrada. Para ler o texto de Léa Maria Aarão Reis clique aqui


HUMOR - Sóbrio

 




Se não for pra agir de acordo com o ambiente, eu nem vou. Imagina chegar na academia e não pedir pra revezar aparelho, não gemer alto com cada exercício e nem tirar foto no espelho forçando o muque? Imagina não ficar puto com quem passou na frente do meu celular enquanto gravo o exercício? Usar a mesa flexora e limpar o suor?? Ir tomar banho e não fazer banheirão com a galera?? Tá doido, o segredo da vida é saber se misturar. Divirta-se clicando aqui

Cenários para a literatura







Inocência Mata: Se não lemos, achamos que o mundo começa e acaba no nosso umbigo




Inocência Mata começou o seu percurso de ensino como professora do secundário, mas por um acaso tornou-se professora universitária. Doutora em Letras, atualmente leciona na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, na área de Literaturas, Artes e Culturas. A sua paixão pelas letras vai para além do ensino, estendendo-se nas suas diversas obras como "O Papel do Cidadão em Tempos de (Des)Encantos". Para ler sua entrevista clique aqui

 






"Garota, interrompida", de Susanna Kaysen, constrói um retrato das relações entre o feminino e a saúde mental




No quadro “Garota Interrompida em sua Música”, que Johannes Vermeer pintou em 1658, estão em cena uma jovem e um homem, ambos segurando juntos uma partitura. Enquanto ela nos encara distraída, o homem parece querer mostrá-la algo naquela folha. Esta obra de Vermeer inspira “Garota, interrompida”, livro de memórias de Susanna Kaysen, onde a autora relembra os meses em que esteve internada em um hospital psiquiátrico em Massachusetts, EUA, no final da década de 1960. Naquele período de internação – 18 meses – algo foi interrompido, suspenso: a continuidade de uma vida, a linearidade do tempo. “Interrompida em sua música. Exatamente como minha vida, interrompida na música dos 17 anos, tal qual a vida dela – roubada e fixada em uma tela”. “Garota, interrompida” ganha nova edição pela Darkside Books, com tradução de Verena Cavalcanti. Para ler o texto de Gabriel Pinheiro clique aqui








Edward W. Said - crítico literário e intelectual público




Os trabalhos de Edward W. Said alçam-no à posição de um dos mais influentes pensadores das implicações políticas da cultura em nosso tempo. Para ler o texto de Walnice Nogueira Galvão clique aqui


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