domingo, 19 de maio de 2024

"Duas vezes nada" - Manuel de Freitas


 


Duas vezes nada




É assim, amiga. Encontramo-nos


quando calha nos bares de antigamente,


deixando que sobre o tampo azul


das mesas volte a pousar


um baço cemitério de garrafas.



Constatamos o pior,  os seus aspectos.


Corpos e livros que foram ficando


por ler na voracidade da noite de Lisboa.


De facto, crescemos em alcoolémia,


acordamos tarde, em pânico,


e perdemos  os dias e os dentes


com uma espécie de resignação.


(Não temos, ao que parece, serventia.)


Sorrimos um pouco, ao terceiro

gin, como quem renasce para a morte,


seus gestos de ternura ou de exuberância.


Talvez tenhamos calculado mal


o ângulo da queda, esta vitória


sem nobreza dos venenos todos.



Mas agora é tarde. Tudo fechou


para nós, para sempre. O amor,


o desejo, até o onanismo da destruição.


Antes de procurares a esmola


do último táxi, fica esta imagem


parada, a desvanecer-se


no frio mais frio da memória:



não dois corpos sentados a trocarem


medo, cigarros e palavras póstumas,


mas duas vezes nada, ninguém,


o silêncio da noite destronando


as cadeiras onde por razão nenhuma


nos sentámos. Os anos, amiga, passaram.



Manuel de Freitas





Para ter acesso ao mais recente livro de poesia "Nas sílabas do vento" do autor do blog clique aqui

Enxurrada de racismo no Rio Grande do Sul





O racismo desaloja a todos nós. Uns do ambiente social, outros da condição de seres humanos”, diz o colunista Ricardo Nêggo Tom. Para ler seu tesxto clique aqui













Uma nova moeda dos BRICS e o fim da hegemonia do dólar

 




Durante décadas, o dólar americano dominou o comércio global. Isto tornou-se possível após o estabelecimento da ordem mundial liberal. O dólar americano desfrutou de um domínio sem paralelo como a principal moeda de reserva do mundo. A Reserva Federal dos EUA afirma que 96% da facturação do comércio internacional nas Américas, 74% na região Ásia-Pacífico e 79% em outros países foi feita em dólares americanos. Além disso, o Atlantic Council também destacou o domínio do dólar ao afirmar que este é utilizado em 88% das trocas de moeda e em 59% de todas as reservas de moeda estrangeira nos bancos centrais de todo o mundo. O acordo do petrodólar, que tornou obrigatória a compra de petróleo em dólares americanos, foi um dos passos mais significativos na consolidação do domínio do dólar americano e da ordem mundial unipolar liderada pelos EUA em todo o mundo. Os Estados Unidos têm utilizado este domínio do dólar para impor sanções económicas aos seus rivais, sob o pretexto de violação do direito internacional. No entanto, numa rápida reviravolta, o domínio do dólar enfrenta sérias ameaças devido ao anúncio de uma nova moeda pelos BRICS. Para ler o texto de Abbas Hachemita clique aqui














HAEVN: "Kite In A Hurricane"

 




Para assistir à interpretação de "Kite In A Hurricane" pelos HAEVN clique no vídeo aqui

Navegando pelo cinema

 






Adeus, Toni




Acordei hoje sob o abalo da notícia da morte do meu amigo Toni Venturi. Uma morte súbita, inexplicável. Ele nadava numa praia do litoral de São Paulo quando passou mal e não resistiu. Tinha apenas 68 anos. Ainda não sei mais detalhes, mas foi o suficiente para me deixar sem chão. Toni era um ser humano caloroso, traço que transbordava na voz, nos gestos e na afabilidade. Ali estava alguém com quem eu contava para compartilhar o amor pelo cinema e pelas boas causas. Seu engajamento em favor da democracia e das pautas progressistas também nos unia. Meus encontros com ele e com sua linda esposa, a esplêndida atriz Débora Duboc, eram sempre amorosos e entusiasmados. Faziam um casal especial, ligados pela arte e por um afeto profundo. Para ler o texto de Carlos Alberto Mattos clique aqui








Terra Nostra




Uma faísca originada dos esforços conjuntos entre os coletivos Grandeza Studio [Amaia Sánchez-Velasco e Jorge Valiente Oriol] e Locument [Romea Muryn e Francisco Lobo], “Strata Incognita”, é-nos apresentada como uma “viagem trans-escalar e trans-temporal” tendo como paragem a condição dos solos - das suas propriedades às possessões - termos meramente expostos na carta de manifestação deste projeto. Para ler o texto de Hugo Gomes clique aqui









"O Corno do Centeio" - Resistência e autonomia corporal




Vencedor da Concha de Ouro na 72.ª edição do Festival de San Sebastián, O Corno do Centeio (2023), de Jaione Camborda, ambientado na Ilha de Arousa em 1971, conta a história de Maria (Janet Novás), uma mulher galega que, para além do seu trabalho no campo e na pesca de marisco, é também conhecida na sua comunidade como parteira e por ajudar mulheres a abortarem. Após um acontecimento trágico e inesperado, foge para Portugal através de uma rota de contrabando. Em Portugal, conhece Anabela (Siobhan Fernandes), uma mãe solteira que todas as noites atravessa a fronteira para se prostituir na Galiza. Para ler o texto de Luís Barros clique aqui


Reflexões sobre o tempo presente





VÍDEO - O que acontece quando duas IAs conversam entre si?




A revolução da IA ​​​​veio para ficar e parece que todos os dias uma nova versão de alguma IA avançada é declarada. Neste vídeo, testemunhamos a versão mais recente do ChatGPT - 4o - Falam uns com os outros e até cantam juntos! Este vídeo tem impressionado pessoas ao redor do mundo. Se for o caso, coloque as legendas em português. Para assistir clique aqui









"A próxima vaga". A inteligência artificial e a biologia sintética vão dar início à nova aurora da humanidade





Estamos num momento crucial da história da nossa espécie. Tudo o que conhecemos vai mudar. Em breve, viveremos rodeados pela inteligência artificial, que será responsável por executar tarefas complexas, como gerir negócios ou produzir conteúdo digital ilimitado. Será responsável pelos principais serviços públicos e manutenção das infraestruturas. A humanidade passará a viver num mundo de impressoras de ADN, computadores quânticos, patógenos artificialmente criados, armas autónomas, assistentes robôs e energia abundante. Tudo isto supõe uma transformação radical da capacidade humana — e não estamos preparados. O livro "A próxima vaga", de Mustafa Suleyman, cofundador da DeepMind, uma das principais empresas de inteligência artificial, revela, o que as novas tecnologias representarão na próxima década e como essas forças podem criar prosperidade, mas também colocar em risco os Estados, ou seja, a base da ordem global. Confira um excerto desta obra clicando aqui










Inteligência artificial no mundo do trabalho





O destino da Inteligência Artificial não precisa significar a subjugação humana. A inevitabilidade aparente desse porvir está mais relacionada ao domínio capitalista do que ao desenvolvimento tecnológico. Para ler o texto de Luís Felipe Souza clique aqui


Novidade editorial CLACSO

 


 
 
Apresentamos três novos volumes da coleção CLACSO-CALAS.
Lutas pela hegemonia repensa e reavalia o processo constituinte chileno, a elaboração da nova Constituição e sua consumação fracassada, através da análise dos movimentos sociais e políticos, das lutas pela hegemonia e dos projetos emancipatórios, como os feminismos ou a ecologia.
A (des)regulação da riqueza na América Latina aborda as formas de analisar e medir a riqueza, investiga os imaginários e representações que se construíram em torno deste fenômeno, as diversas estratégias utilizadas pelos empresários e grandes grupos econômicos para gerar e concentrar riqueza, e em estratégias e programas estatais para desconcentrá-lo.
Finalmente, Privilege at Play explora criticamente como as dinâmicas de dominação e subordinação são expressas abertamente enquanto ocultas, como as múltiplas camadas de poder são constituídas e as desigualdades sociais são reproduzidas, num espaço privilegiado como o mundo do golfe no México.
 

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