Morreu hoje Nuno Júdice (1949-2024), poeta de um eterno retorno
A sua estreia como poeta deu-se em 1972, com um livro que tinha um título programático, A Noção de Poema. Nuno Júdice (1949-2024), poeta de um eterno retorno. O poeta – que foi também ensaísta, romancista e praticou uma multiplicidade de géneros literários, para além de ter sido professor universitário e, desde há alguns anos, director da revista Colóquio/Letras. Entre os poetas contemporâneos portugueses, Júdice é um dos mais traduzidos, tendo alcançado uma notável difusão no estrangeiro. A obra completa de Nuno Júdice é constituída por quase cinquenta títulos de poesia, duas dezenas de livros de ficção, mais de uma dezena de livros de ensaio literário e ainda quatro livros de teatro. Foi um dos escritores mais prolíficos da literatura portuguesa contemporânea.
Nunca são as coisas mais simples
Nunca
são as coisas mais simples que aparecem
quando as esperamos. O que é mais simples,
como o amor, ou o mais evidente dos sorrisos, não
se
encontra no curso previsível da vida. Porém, se
nos distraímos do calendário, ou se o acaso dos
passos
nos empurrou para fora do caminho habitual,
então as coisas são outras. Nada do que se espera
transforma o que somos se não for isso:
um desvio no olhar; ou a mão que se demora
no teu ombro, forçando uma aproximação
dos lábios.
Nuno Júdice
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