quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

"Já Marília cruel, me não maltrata" - Basílio da Gama

 




Já Marília cruel, me não maltrata

 

 

 




Já Marília cruel, me não maltrata


Saber que usas comigo de cautelas,


Que inda te espero ver, por causa delas


Arrependida de ter sido ingrata:



 

Com o tempo tudo se desbarata,


Teus olhos deixarão de ser estrelas;


Verás murchar no rosto as faces belas,


E as tranças d’ouro converter-se em prata.



 

Pois se sabes que a tua formosura


Por força há-de sofrer da idade os danos,


Por que me negas hoje essa ventura?



 

Guarda para seu tempo os desenganos,


Gozemo-nos agora, enquanto dura,


Já que dura tão pouco a flor dos anos.



 

 

 

Basílio da Gama



 

(Brasil 1741-Portugal1795)

 


 


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