"Escuridão formosa" - Gonzalo Rojas
Escuridão
formosa
À noite toquei-te e senti-te
sem que minha mão fugisse para lá da minha mão
sem que o meu corpo fugisse, ou meus ouvidos:
de um modo quase humano
senti-te.
A pulsar, não sei se como sangue ou como nuvem errante,
em minha casa, na ponta dos pés, escuridão que sobe,
escuridão que desce, cintilante, correste.
Correste por minha casa de madeira,
e abriste as janelas,
e senti pulsar a noite toda,
filha dos abismos, silenciosa,
guerreira tão terrível e tão bela,
que tudo quanto existe,
sem tua chama, não existiria para mim.
Gonzalo Rojas
(Chile, 1917-2011)
Para adquirir o livro, sob demanda, clique aqui
0 comentários:
Postar um comentário