"Há os que partem..." - Myriam Fraga
Há os que partem
E os que tecem,
Na urdidura das sombras
É Penélope
Mais astuta que Ulisses?
Quem dirá na surdina
Do heroísmo dos pontos,
O selvagem pontear
Das agulhas na carne?
São pontos de um bordado
Que não cresce
Que se renova apenas
Do que tece e destrói
Nos dedos que noturnos
Desenlaçam
O fio das meadas.
No entanto esta tarde é
Como um barco
Onde me ausento
De mim, de meus cansados
Molhes de pedra.
A angústia é meu timão,
Meu astrolábio
Nesta inquieta jornada.
Myriam Fraga
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