segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Navegando pelo cinema

 




Alain Bergala - Coletivo



Há uma ideia que corre por aí - uma ideia absolutamente falsa - que diz que o cinema seria uma arte coletiva. Admite-se o fato de que para se fazer um filme é preciso uma equipe com muitas pessoas - como se a criação não fosse de uma única pessoa, mas uma criação coletiva. Tal proposição é evidentemente louca, isto é, no cinema, há muitas pessoas que trabalham no filme, mas apenas uma tem o filme na cabeça. Há apenas uma que, quando ela faz um plano, sabe como este plano depois vai voltar no filme. A organização de uma filmagem profissional, na realidade, é como um exército muito rígido. Tem aquele que dá as ordens, que reflete, que tem o filme na cabeça, que é o diretor. E em seguida, as pessoas que estão a serviço do filme. Mas, é o oposto de uma criação coletiva. Em uma criação coletiva, cada um traz escolhas e criação em um sentido mais forte. O câmera e o iluminador, por exemplo, evidentemente, participam da criação, mas, na realidade, no ato de criação, apenas uma pessoa tem o filme na cabeça: o diretor. Ninguém além dele, no set, sabe exatamente qual o filme está na cabeça do realizador. Essa questão do cinema como arte coletiva traz muitos problemas quando se faz cinema em contexto escolar, quando crianças ou adolescentes fazem um filme. Porque se ninguém toma as decisões, se ninguém tem as escolhas na cabeça, não é um filme. Para que seja um filme, é preciso que alguém, ao menos para cada plano, faça as escolhas. Uma pessoa fará isso. As escolhas não podem ser coletivas. Senão faz-se um filme banal; faz-se um filme mediano. Se as escolhas são feitas inteiramente por um grupo. Um grupo não pode ter ideias um pouco fortes, um pouco pessoais. Sendo assim, administrar isso é muito difícil em situações pedagógicas. A melhor solução é de confiar, em um determinado momento, todas as escolhas a um aluno. Mas para um plano, para uma cena. Depois, será outro aluno e depois outro aluno. Pois é muito importante que em um determinado momento - mesmo em um filme restrito ao meio escolar - que alguém decida as escolhas.
Pode também assistir à fala de Alain Bergala clicando aqui








Os melhores filmes de 2021 segundo Mark Kermode




Oscar de melhor diretor de Chloé Zhao, uma virada inesquecível de Joanna Scanlan e o conto de fadas impecável de Céline Sciamma se destacou, mas o ano foi de Bond…Para ler as indicações de Mark Kermode clique aqui








FILME INTEGRAL - "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha, 1964




No sertão nordestino, um vaqueiro miserável mata o patrão. Ele foge com a mulher e é acolhido por um beato negro, de quem se torna um adepto. Insatisfeita, uma elite local contrata um matador para dar cabo do santo e seus fiéis. O casal sobrevive e, na caatinga, se encontra com o bando do cangaceiro Corisco. Trilhando caminhos semelhantes aos maiores romancistas brasileiros, como Graciliano Ramos e Guimarães Rosa, Glauber nos coloca no centro do drama sertanejo. A poderosa trilha sonora de Sérgio Ricardo, uma montagem desconcertante e a beleza plástica da fotografia fazem deste filme um marco do cinema moderno. Para assistir ao filme (1:58:00) clique no vídeo aqui

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