Maria Rita Kehl: A mínima diferença
Há cem anos não se fala em
outra coisa.1 O falatório surpreenderia o
próprio Freud. Se ele criou um espaço e uma escuta para que a histérica pudesse
fazer falar seu sexo, num tempo cuja norma era o silêncio, o que restaria ainda
por dizer ao psicanalista, quando a sexualidade circula freneticamente em
palavras e imagens, como a mais universal das mercadorias?
Ainda assim, parece que nada
mudou muito. O escândalo e o enigma do sexo permanecem, deslocados – já não se
trata da interdição dos corpos e dos atos – avisando que a psicanálise ainda
não acabou de cumprir o seu papel. Mulheres e homens vão aos consultórios dos
analistas (e, como há cem anos, mais mulheres do que homens), procurando, no
mínimo, restabelecer um lugar fora de cena para uma fala que, despojada de seu
papel de lata de lixo do inconsciente (no que reside justamente sua
obscenidade), vem sendo exposta à exaustão, ocupando lugar de destaque na cena
social, até a produção de uma aparência de total normalidade.
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