"Diálogos sobre o fim do mundo" - Entrevista com Eduardo Viveiros de Casto & Déborah Danowski
A
entrevista a seguir contém alguns dos momentos mais interessantes de cinco
horas de conversa. No mundo alguns acontecimentos se destacaram: 400.000 pessoas,
segundo os organizadores, participaram da Marcha dos Povos pelo Clima, em Nova
York, e 4.000 no Rio de Janeiro; Barack Obama afirmou que “o clima está mudando
mais rápido do que as ações para lidar com a questão” e que nenhum país ficará
imune; e o Brasil recusou-se a assinar o compromisso de desmatamento zero até
2030.
É possível
afirmar que para muitos parece mais fácil aderir a ameaças de fim de mundo,
como a suposta profecia maia, de 21 de dezembro de 2012, do que acreditar que a
deterioração da vida que sentem (e como sentem!), objetiva e subjetivamente, no
seu cotidiano – e que em São Paulo chega a níveis inéditos com a seca e a
ameaça de faltar água para milhões – é resultado da ação do homem sobre o
planeta. É mais fácil crer na ficção, que ao final se revela como ficção, salvando
a todos, do que enfrentar o abismo da realidade, em que nosso primeiro pé já
encontrou o nada.
É sobre
isso que se fala nesta entrevista. Mas também sobre pobres e sobre índios, e
sobre índios convertidos em pobres; sobre esquerda e sobre direita; sobre
capitalismo e sobre o fim do capitalismo; sobre Lula, Dilma Rousseff e Marina
Silva. Sobre como nos tornamos “drones”, ao dissociar ação e consequência. E
como todos estes são temas da mudança climática – e não estão distantes, mas
perto, bem perto de nós. Mais próximos do que a mesa de cabeceira onde
desligamos o despertador que nos acorda para uma vida que nos escapa. O
problema é que o que nos acorda nem sempre nos desperta. Talvez seja hora de
aprender, como fazem diferentes povos indígenas, a dançar para que o céu não
caia sobre a nossa cabeça.
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