Cenários da literatura
É mais fácil ser fascista numa sociedade livre do que ser livre numa sociedade fascista
Se há coisa que é preciso ter em conta em véspera dos 50 anos do 25 de Abril é que não se deve confundir o golpe "emocionante, bonito e único" dos militares com o período de convulsão que lhe sucedeu. E que a liberdade é um "conceito criado por nós e que rapidamente desaparece se não for cuidado". É o que conta Hugo Gonçalves, autor de "Revolução" e o primeiro convidado do ciclo de entrevistas "o 25 de Abril (também) foi uma ficção". Hugo Gonçalves tem pensado muito no 25 de Abril. Não só porque foi a matéria-prima de "Revolução" — o seu romance de 2023, publicado pela Companhia das Letras —, mas porque também é o que inspirou a sua estreia no teatro. Concebida com as cantoras Bárbara Tinoco e Carolina Deslandes, a peça "A Madrugada que eu Esperava" mantém-se em cena no Teatro Maria Matos, em Lisboa, até 28 de abril — antes de uma data dupla no Coliseu do Porto em maio. Mas não é apenas por ser fonte de inspiração que a Revolução dos Cravos permanece na cabeça do escritor, jornalista e guionista. É que o próprio reconhece que dificilmente faria o que faz sem que os ventos da liberdade tivessem soprado após esse fatídico dia. "Tenho uma dívida muito grande de gratidão para com as pessoas que fizeram o 25 de Abril, não seria escritor e muito menos escreveria este livro se não vivêssemos em liberdade", conta em entrevista, no arranque do ciclo "o 25 de Abril (também) foi uma ficção". Em "Revolução", Hugo Gonçalves aborda a história de uma família cujos membros estiveram em diferentes lados da contenda durante o 25 de Abril e o PREC — motivo mais do que pertinente para uma conversa sobre memória histórica e da necessidade de preservá-la. Para ler sua entrevista clique aqui
"Vida ao vivo"
Ivan Angelo não escreve de afogadilho, publicando um livro atrás do outro. Sua escrita é constante, metódica, elaborada com vagar. Trabalhou décadas no Jornal da Tarde, escreveu desde que tinha 20 anos em jornais de Belo Horizonte, colaborou na Playboy e, de 1999 a 2018, foi cronista da Veja São Paulo. Recebeu vários prêmios, inclusive dois Jabutis, numa época em que os agraciados não viam a cor do dinheiro, além de ser premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCN). Para ler o texto de Afrânio Catani clique aqui
"O Comboio", história de um sobrevivente, de Beata Umubyeyi Mairesse
1994-2024. Este ano completam-se trinta anos, trinta anos desde que ocorreu o último genocídio do século XX no Ruanda, dando origem, especialmente nas últimas semanas e nas que se seguiram, a uma profusão de imagens terríveis, divulgadas pelos meios de comunicação ocidentais. Beata Umubyeyi Mairesse tinha 15 anos. A sua vida foi salva graças a um comboio humanitário criado pela organização não governamental suíça Terre des Hommes. Trinta anos depois, ela nos conta. Para ler o texto de Annie Ferret clique aqui
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