domingo, 12 de fevereiro de 2023

"Prefácio" - Manoel de Barros

 




Prefácio

 

 

 




Assim é que elas foram feitas (todas as coisas) —


sem nome.


Depois é que veio a harpa e a fêmea em pé.


Insetos errados de cor caíam no mar.


A voz se estendeu na direção da boca.


Caranguejos apertavam mangues.


Vendo que havia na terra


Dependimentos demais


E tarefas muitas —


Os homens começaram a roer unhas.


Ficou certo pois não


Que as moscas iriam iluminar


O silêncio das coisas anônimas.


Porém, vendo o Homem


Que as moscas não davam conta de iluminar o


Silêncio das coisas anônimas —


Passaram essa tarefa para os poetas.



 

 

 

Manoel de Barros

 

 


 



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