"Sete estâncias existenciais" - Afonso dos Santos
Sete estâncias existenciais
É tão vasto o mar
tão veloz o vento
é tão brando o tempo
no teu profundo olhar.
Para ti queria escrever um verso apenas
um verso sem norma nem algemas
de conteúdo ou de forma
e se houver culpas algumas
que sejam somente as do amor.
É tão vasto o mar
é tão brando o vento
tão veloz o tempo
quando velejo no teu olhar.
Queria escrever um verso apenas
um verso livre como os corvos
lá no alto sem sobressalto
dançando um tango antigo
sobre uma cidade assaltada.
É tão profundo o mar
é tão vasto o vento
já não sei do tempo
se me perco no teu olhar.
Queria escrever um verso apenas
na penugem do teu ventre
um verso túrgido e quente
entre o declive e o mistério
desvendado pelo sémen.
É tão vasto o teu olhar
já não sei do vento
já não tenho tempo
já não sei singrar em outro mar.
Afonso dos Santos
(Poeta moçambicano)
15.09.2002
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