quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

"Sete estâncias existenciais" - Afonso dos Santos

 




Sete estâncias existenciais

 

 

 




É tão vasto o mar


tão veloz o vento


é tão brando o tempo


no teu profundo olhar.



 

Para ti queria escrever um verso apenas


um verso sem norma nem algemas


de conteúdo ou de forma


e se houver culpas algumas


que sejam somente as do amor.



 

É tão vasto o mar


é tão brando o vento


tão veloz o tempo


quando velejo no teu olhar.



 

Queria escrever um verso apenas


um verso livre como os corvos


lá no alto sem sobressalto


dançando um tango antigo


sobre uma cidade assaltada.



 

É tão profundo o mar


é tão vasto o vento


já não sei do tempo


se me perco no teu olhar.



 

Queria escrever um verso apenas


na penugem do teu ventre


um verso túrgido e quente


entre o declive e o mistério


desvendado pelo sémen.



 

É tão vasto o teu olhar


já não sei do vento


já não tenho tempo


já não sei singrar em outro mar.



 

 

 

Afonso dos Santos


 

(Poeta moçambicano)


 

15.09.2002




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