O mal-estar na cultura medicamentalizada
Apesar de inegáveis benefícios farmacológicos dos medicamentos, é difícil sustentar
uma postura de atenuar e relativizar a atuação poderosa e notadamente abusiva da indústria
farmacêutica. Estas são identificadas por estudiosos do campo por visarem a proliferação contínua do consumo de medicamentos através de recursos eticamente discutíveis. Ao mesmo
tempo, pode-se afirmar que convivemos com uma “crise dos vínculos de confiança” nas interações médicas no desempenho de suas atividades. O comprometimento da dimensão ética
no âmbito da atividade médica também pode encobrir interesses financeiros que participam da
mencionada crise dos vínculos, que pode ser desenvolvida a partir do conceito foucaultiano de
governamentalidade aplicado ao campo da medicina: a medicamentalidade. Da mesma forma, podemos nos referir a um epidemiopoder que irá configurar práticas medicamentalizadas,
se considerarmos as características básicas que definem o objeto das disciplinas do âmbito
sanitário – saúde e vida nas populações. Mais: na atualidade, é a normatividade de base epidemiológica que rege os preceitos e recomendações que pretendem disciplinar as populações
humanas no interior dos discursos de promoção da saúde centrados no comportamento saudável com vistas à longevidade com a qualidade de vida acessível ao consumidor. No limite,
cada um deve ter metas de gestão da vida como fenômeno biológico configuradas por noções
de risco propaladas por mensagens médico-epidemiológicas normativas de porta-vozes da
fortaleza, prudência, moderação e temperança em nome de estilos de vida regrados. Para ler o texto de Luis David Castiel clique aqui
0 comentários:
Postar um comentário