Um pensador do Brasil nas telas
Certa vez, o cineasta Roberto Santos definiu assim a reputação de que ainda goza seu colega Nelson Pereira dos Santos. “É muito chato falar sobre Nelson. Tudo já foi dito e só resta fazer elogios.” Referia-se, claro, de forma afetiva e amigável, à trajetória de quem efetivou o Cinema Novo e contribui de modo decisivo para entender melhor o Brasil, explorando-o em sua riqueza na tela. São palavras conformadas, ditas não por algum interesse bajulador (não há parentesco entre esses Santos, diga-se), mas pela parceria profissional desses dois paulistanos nascidos em 1928 e que auxiliaram um ao outro em suas respectivas estreias como diretor. Roberto integrou a equipe de Rio 40 Graus, título fundador de uma nova estética e temática no País, e Nelson respondeu a esse apoio ao seu filme com a produção de O Grande Momento, não por acaso filmado no Brás, onde ambos cresceram. Roberto Santos morreu em 1987 e Nelson prossegue atuante. Aos 83 anos, com vitalidade e desembaraço impressionantes, lança na sexta 20 o documentário A Música Segundo Tom Jobim. O ex-parceiro por certo enxergaria ecos de suas sábias palavras na decisão que norteou a realização desse filme sobre o cantor e compositor carioca Antonio Carlos Jobim (1927-1994), a qual somente um mestre respeitado e investido do papel de renovador do cinema brasileiro poderia fazer valer. Porque aqui também temos uma daquelas reputações unânimes da qual pode ser aborrecido e desnecessário falar ou, pior, ouvir outros explanarem sobre ela. “Há um imenso rastro de estudiosos sobre o músico para quem quiser seguir”, diz a CartaCapital. Ele acha graça ao ser lembrado da citação do companheiro de primeira hora e arrisca uma comparação. “Cinema e música têm de falar por si sós. Quando se encontram, então, aí mesmo é melhor ficar de fora, só apreciando, sem muita intromissão.”
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