quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

"E, todavia, eu não quisera amar-te" - Jorge de Sena

 




E, todavia, eu não quisera amar-te

 

 

 




E, todavia, eu não quisera amar-te.


Mas ter-te, sim de todas as maneiras.


Quem és e como és, de quem te abeiras,


que dizes ou não dizes, pouco importa.




E muito menos hoje me conforta.


Neste sorriso que te dou tranquilo,


eu ponho num remorso tudo aquilo


que em fundo amor eu pudera dar-te,




se alguma vez te amasse de amor fundo


senta-te à luz do mar, à luz do mundo,


como na primeira vez em que te vi,




tão jovem, que era crime contemplar-te.


E despe-te outra vez, pois vem olhar-te


Quantos te buscam de saber-te aqui.




Sendo um de tantos, nunca te perdi.





Jorge de Sena




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