"Os olhos de Isa" - Joaquim Pessoa
Os olhos de Isa
Nos olhos de Isa a chama grita e a
noite
acende fogueiras.
Os meus olhos param. Nos olhos de
Isa.
Oh, nos olhos de Isa espreguiça-se a
madrugada
e o vento acorda para ensinar os
pássaros a voar
e as árvores a acenar-lhes uma
bandeira de folhas, uma tristeza
verde.
Nos olhos de Isa a manhã explode num
inferno de estrelas,
um clarão de silêncio em estilhaços
de rosas, pétalas de
sombra.
Nos olhos de Isa os poetas vagueiam
num bosque de mel
onde as abelhas constroem a tarde
desesperadamente.
Nos olhos de Isa ninguém repara na
minha solidão.
Joaquim Pessoa
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