"Penélope" - David Mourão-Ferreira
Penélope
Mais do que um sonho: comoção!
Sinto-me
tonto, enternecido,
quando,
de noite, as minhas mãos
são
o teu único vestido.
E
recompões com essa veste,
que
eu, sem saber, tinha tecido,
todo
o pudor que desfizeste
como
uma teia sem sentido;
todo
o pudor que desfizeste
a
meu pedido.
Mas
nesse manto que desfias,
e
que depois voltas a pôr,
eu
reconheço os melhores dias
do
nosso amor.
David
Mourão-Ferreira
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