segunda-feira, 4 de outubro de 2021

"Lançando perguntas ao vento" - Arménio Vieira

 




Lançando perguntas ao vento





                           Para o Tchalê Figueira




 

Quem somos?


 

Macacos falantes que



os deuses rejeitaram?



 

Símios desnudos

 

destinados a dominar os


congéneres pela violência

 

e por maliciosos sofismas

 

de raposa?



 

Animais viajando entre o peso do egoísmo

 

e a leveza dos gestos?



 

Dúbio destino que nenhuma política,

 

revolucionários discursos carregados

 

d’altruísmo, utópicas promessas, a

 

vibrante oratória dos clérigos, tão-pouco

 

a palavra dos poetas conseguiram mudar



 

Quem és tu, Estrangeiro?



 

Fazendo minha a voz


da suplicante mulher,


interrogo: de quem é a mão, que ora te


aponta as noites sem estrelas e ora as

 

brancas luzes do alvor?



 

Porventura existe alguma escritura de

 

sapientes versos que possa responder a

 

tais perguntas?



 

Em que praia, floresta ou deserto se


encontra o fio

 

com que Teseu venceu


as ínvias saídas do labirinto?



 

Enquanto deambulas,

 

lançando perguntas ao vento,

 

um gato vadio, imune aos venenos da alma,

 

aquece ao sol da manhã, alheio aos avanços e


retrocessos


do mundo. Só lhe falta sorrir, a menos

 

que o sorriso dos gatos seja feito de cores

 

que escapam aos teus olhos, cansados por

 

inúteis leituras.



 

Arménio Vieira

 

 



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