André Lemos: Os modernos e sua destruição dos modos de "existências"
“O corpo é, por natureza, problemático”, escreve Mabel Moraña em seu último livro "Pensar el cuerpo: Historia, materialidad y símbolo" (Herder). Nele analisa, com um enfoque interdisciplinar, a corporalidade a partir de diversos eixos como a história, a arte, a representação, o gênero, a política, a tecnologia e a violência. Formada em Literatura e Filosofia, é uruguaia, radicou-se na Venezuela, durante a ditadura em seu país de origem, e depois terminaria residindo definitivamente nos Estados Unidos, onde fez um doutorado na Universidade de Minnesota. Hoje, leciona na Universidade de Washington. Para ler sua entrevista clique aqui
O Iluminismo europeu é geralmente associado à emergência das
democracias liberais, à separação da Igreja e do Estado, tal como ao triunfo da
razão e da ciência sobre a emoção e o misticismo. Os pensadores iluministas
afirmaram com insistência que conceitos como a razão, a universalidade e o
secularismo foram o sustentáculo da modernidade. Contudo, em vez de se
aproximarem da tolerância e da inclusão, os conceitos iluministas reificaram e
entrincheiraram as distinções com diferença consequente. O conhecimento
científico, marcado por uma verdade demonstrável, não pôs em questão as
ordenações divinas da hierarquia racial, fornecendo explicações racionais para
elas. Em vez de aceitar a amplitude da diversidade humana, o universalismo
impôs violentamente uma norma hegemónica e singular do sujeito universal. Os
judeus europeus acabaram por transportar o peso do triunfo da modernidade. O
Iluminismo secularizador interrompeu as relações sociais tradicionais
construídas em torno das doutrinas religiosas e, por meio da etnologia,
produziu hierarquias étnica e racialmente ordenadas dos seres humanos. Para ler o texto
de Noura Erakat clique aqui
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