"Alquimia Amorosa" - José Paulo Pinto Lobo
Alquimia Amorosa
O gato preto empoleirado na janela
interpela: a que sabe o amor?
Podemos cheirar?
Que pergunta! Amor tem cheiro, tacto,
timbre ou sabor?
Fórmula físico-química? Mas deixa-me
pensar…
Só me acorrem à mente estas palavras
enredadas em frases desalinhadas.
Do ardor do áureo sol tropical e sangue
fervente em nossas veias
À sinfonia dos corpos entretecida em
bailados de harmónicas teias
Do chilrear feliz dos livres xiricos e
canto de grilos após bátega de verão
Ao coração em solo de bateria e ao ronronar
da sofreguidão saciada
Da fragrância de rubras acácias floridas e
perfume de deleitosa pele acariciada
Aos espíritos enfeitiçados em alquímica
composição inexorável gravítica atracção
Da canção da água em banho a quatro mãos e
doce aroma de cabelos lavados
Ao sabor de sequiosos beijos molhados e a
sal após amplexos arrebatados
Da noctívaga mão tacteando em premência de
adormecimentos enlaçados
À suave nota do terno sussurro e som
derradeiro do cúmplice silêncio
Do gosto a colo do meigo abraço ao titilar
do beijocar matinal
Em companheira mulher se descobre a arte
quimérica da pedra filosofal
Então? O amor tem os cinco sentidos?
Responde o gato: nem sei se ele faz algum
sentido…
Mas parece valer a pena ser vivido.
José Paulo Pinto Lobo
Cascais, 31 de Maio 2021
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