quinta-feira, 8 de outubro de 2020

O documentário e a escuta sensível do lugar: quando escola e cinema formam um povo / Eduardo de Oliveira Belleza

 


Há pelo menos duas maneiras do cinema habitar a escola. Uma a serviço de um povo suposto, que já está na escola e necessita que o cinema se adapte. A outra diz respeito a fazer do encontro entre cinema e escola a possibilidade de emergir um povo. Um povo sem modelo, sem cartilha, sem uma ordem dominante. São duas dimensões muito distintas e que implicam em políticas dessemelhantes, não só com as imagens, mas, sobretudo, com a educação. Diante disso, pensemos: quais negociações a relação cinema e escola é capaz de produzir? Essa questão faz perceber a instauração de outros modos de existência tanto para o cinema quanto para a escola. Assim, entendemos o encontro entre ambos, como ação que amplia o grau de realidade do lugar, por tornar sensível o que até então não era possível ser percebido. Dessa maneira temos formado um povo, sempre porvir, pois ele não cessa de povoar a educação de outra(o)s possibilidades/problemas. A pesquisa, portanto, versa na interface entre cinema e escola e as suas interferências criativas. Apostamos na educação como experimentação de processos em aberto e temos vislumbrado o documentário como uma forma de arte que tem potência de produzir uma escuta sensível. É uma aposta da qual nos empenhamos em tratar. É também uma política, na medida em que nos possibilita relações que produzem saberes. Em oficina buscamos lidar com isso através de alguns filmes do cineasta Eduardo Coutinho, como uma caixa de ferramentas de onde extraímos algumas questões para pensar a própria escola, o cinema e a educação através das imagens. A partir dessas conversas e de alguns exercícios audiovisuais criados no campo da pesquisa, nos lançamos ao desafio de filmar em meio a tantas negociações que esse processo engendrou. O filme realizado com alunos e professores de uma escola municipal da cidade de Campinas-SP, intitulado pelos realizadores como “Saber Poder”, é uma parte desse processo (não a mais importante), sem dúvida um conjunto de imagens que nos provoca e desassossega acerca da presença do cinema na escola e da escola no cinema. Para ler a tese de doutorado (319 págs.) de Eduardo de Oliveira Belleza clique aqui

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