O amor, agora e sempre: sete fragmentos do “Livro de Eros” - Casimiro de Brito
O amor, agora e sempre: sete fragmentos do “Livro de Eros”
19
A minha amada é intensa e delicada como uma corda de violino.
58
Amo-te. Amo amar-te. Ontem foste cascata, hoje és torrente, amanhã quem sabe?
Talvez um rio. Um rio paciente? Exaltado? Amo amar-te e nunca sei quantos somos
nesta cama: sinto a terra, vejo estrelas, ouço o mar.
225
Dou-te a minha flauta. Dás-me a tua viola? Música de câmara.
382
Um coração vazio que subitamente rebenta como se estivesse cheio de qualquer
coisa, de uma certa dor, de um desejo infinito de qualquer coisa de pedra, um
coral pequenino que, na sua intensidade, seja tudo.
508
Ó tão macio o mármore de quando nos amamos.
615
Comenda nacional. A Ordem do Infante. Senti-me honrado, claro. Mas a minha
condecoração ideal seria estar agora abraçado a ti, como se tivesse nos braços
e entre as pernas um animal incandescente e desordenado.
634
Seios: tenho inveja do ar que os acaricia, quando os soltas.
Casimiro
de Brito
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