"Memória" - António Vilhena
Memória
Gastámos a pele num areal sem gaivotas
incendiados na lava do desejo onde outrora
trocavam escravos de outras especiarias.
Nas bocas de Agosto a sede trouxe
a espuma do efémero depois do sol.
Somámos a solidão das rosas e os aromas
da viagem que acrescenta sonho ao horizonte.
Gastámos os sentidos sem sabermos um do outro
e os dias imaginados num poema escrito avulso
na face do vento.
Quando não estás a pele desoculta as cicatrizes
como se o nevoeiro desnudasse o passado
e a urgência do presente te trouxesse
desse tempo em que o teu olhar
fugidio se fundia na cumplicidade antiga
António Vilhena
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