"Meu tempo" - Gilberto Nable
Meu tempo
Chegou? É chegado o meu tempo?
Devo ajoelhar-me e chorar de medo?
Com minhas pálpebras semiabertas,
darei meu adeus definitivo e breve,
aos que me amaram e a quem amei,
e àqueles que aprenderam a me odiar,
por razões aparentes, as mais variadas,
e os motivos estranhamente plausíveis.
Depois as coisas voltarão aos seus lugares,
com os mínimos sinais de vida,
de onde, afinal, nunca saíram:
as roupas estendidas nos varais,
a chuva escurecendo pedras na calçada,
e alguém que dirá, em vão: — Foi assim!
como a agulha procura o fio,
e o fio encontra a sua meada.
Gilberto Nable
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