domingo, 28 de junho de 2015

O fado do grande e hòrrivel crime


“Receber um prémio da TV é o mesmo que ser beijado por alguém com mau hálito”.
Mason Williams

Em Lourenço Marques, onde vivi até 1976, fui feliz por um vasto leque de razões. Uma das razões, que, por descuido, nunca mencionei, foi o facto de não haver, ali, televisão. Não ver televisão é um dos mais irrevelados segredos relativos à arte de ser feliz. Por outro lado, não ver televisão contribui, de modo incrível, para o aumento do nível da nossa educação e cultura. Groucho Marx, por acaso, até nem estava de acordo comigo, neste ponto, quando escrevia: “Acho a televisão tremendamente educativa. De cada vez que alguém liga a televisão, vou para outra sala e leio um livro.” Não está mal visto, mas obriga-nos a viver em casas com maior número de quartos, o que nos vai à algibeira.
Quando, nos intervalos do trabalho frenético de escrever as minhas memórias, ligo o televisor, para me “relaxar”, tenho a impressão de me afundar num pântano. Em geral, depois de uma manhã de bom e honesto trabalho, à la recherche du temps perdu, ligo para um daqueles programas televisivos, entre o meio dia e as 13.00, em que a Júlia Pinheiro ou o Goucha ou, na RTP1, um casalinho cujos nomes “não guardo na memória” nos dão, aos baldes, crimes góticos, tremendos, com pancada, tortura e sexo maléfico, doutamente comentados por juristas, jornalistas e psicólogos e/ou psiquiatras, os quais nos não poupam os pormenores mais vivos e deprimentes (e coloridos!) daquele pantanal, que tão bem “se vende”. 
Para ler o texto completo de Eugénio Lisboa clique aqui

1 comentários:

c.sobral 15 de agosto de 2015 às 05:29  

Não vejo a Júlia Pinheiro nem o Goucha. E outros que tais...
No entanto vejo MUITA televisão. E boa.
E também leio. Ainda agora acabei de ler "Os elefantes não esquecem" cuja estória se passa em Moçambique. Da autoria de Abel Victor Pereira Coelho, um nosso conterrâneo de Inhambane.
Aconselho-te a lê-lo.
E já comecei outro. "A vida privada de Estaline", de Lilly Marcou historiadora francesa. Estou a gostar.
Portanto é só uma questão de sabermos escolher. E depois AINDA há quem goste de OUTRAS coisas. Diferentes das nossas. E têm TODO o direito a fazê-lo...
Um abraço.

César

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