ELIANE BRUM: "Mãe, onde dormem as pessoas marrons?"
Uma amiga me conta, na volta
de uma viagem a Paris com a família. “Só quando estava lá é que percebi que
minha filha estava, literalmente, andando na rua pela primeira vez”. A menina
tem quatro anos. Classe média. Mora em São Paulo, num condomínio fechado. Do
condomínio, vai de carro para a escola privada. Da escola privada volta para
casa. No fim de semana, fica dentro do seu condomínio ou vai para outros
condomínios, de casas ou prédios, cercados por muros ou grades, com guaritas e
porteiros. Ou vai a shoppings, onde chega pelo estacionamento, de onde sai pelo
estacionamento. Desloca-se apenas de carro, bem presa na cadeirinha, protegida
atrás de janelas fechadas, vidros escurecidos com insulfilm. De muro em muro, a
criança passou os primeiros quatro anos de vida sem pisar na rua, a não ser por
breves e arriscados instantes. E apenas quando a rua não pôde ser evitada. E
apenas como percurso rápido, temeroso, entre um muro e outro.
Para ler o texto completo de Eliane Brum clique aqui
Leia também o texto "Maioridade penal: uma análise sobre o cérebro dos jovens" de Carlos Orsi clicando aqui
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