Nota sobre a retirada do debate de gênero/sexualidade nas políticas de educação estaduais e municipais
Nas
últimas décadas, o Brasil fez um esforço para implementar políticas educacionais
e formações para o enfrentamento à violência de gênero, aos sexismos e à
homofobia/transfobia. Essas ações, ainda que precariamente, têm sido
fundamentais para a construção de uma escola pública cidadã e de uma proposta
de educação para a igualdade e com qualidade, e têm sido importantes para uma
formação de educadores/as e estudantes que leve em conta as diferentes formas
de desigualdade social e que caminhe no sentido da construção de uma sociedade
mais justa e plural. Essas ações envolveram escolas públicas, educadores/as,
estudantes, universidades, grupos de pesquisa e extensão. Como poucas vezes no Brasil,
os programas de formação acoplaram-se institucionalmente às Universidades.
Assim, contemplaram tanto o ensino superior como a educação básica, apostando
na construção de uma política de incentivo à formação continuada de
professoras/es, bem como reforçando o princípio da indissociabilidade do tripé
ensino-pesquisa-extensão como responsabilidade cidadã e compromisso ético das
Universidades.
No
momento atual, quando políticos e grupos sociais conservadores, utilizando
argumentos religiosos que recusam a legitimidade do conhecimento científico,
traçam uma cruzada contra o campo feminista e LGBT, vemos o fortalecimento de
uma articulação política disposta a higienizar e controlar as escolas públicas
a partir da retirada das questões de gênero e sexualidade dos Planos Estaduais
e Municipais de Educação.
Os
grupos de pesquisa abaixo assinados tornam pública sua preocupação com tais
atos que negam não só a história do sexismo na sociedade brasileira e a
perversa face de violências simbólica, física e social que se expressam no
campo do gênero e da sexualidade, como também combatem o esforço histórico de
ampliar a qualidade da educação básica e seu compromisso com a garantia dos
direitos humanos e respeito à diversidade. O que desejam grupos e
representantes políticos, que, com suas posições religiosas e sexistas, chamam
os ensinos de gênero e sexualidade de “ideologia de gênero”? Por que recusar a
discussão de gênero e sexualidade nas escolas, quando todas as pesquisas
realizadas pelas Universidades, órgãos do governo e ONGs, evidenciam que as escolas
são produtoras e reprodutoras de preconceito?
Os
resultados de pesquisa são muito explícitos, nesse sentido, ao demonstrarem,
por exemplo, que quanto maior o preconceito menor a aprendizagem e maior a
evasão escolar. Assim, uma educação que leve em consideração as questões de
gênero e sexualidade no combate ao preconceito e à intolerância é fundamental
não apenas para uma formação cidadã, como também para fomentar a aprendizagem,
a capacidade de relacionar ideias e produzir reflexões novas, permitindo, portanto,
qualificar a educação pública.
Grupos de trabalho (Gt) da associação nacional de pesquisa
e Pós Graduação em Psicologia (ANPEPP) que assinam esta nota:
PSICOLOGIA
SOCIAL, POLÍTICA E SEXUALIDADES
PSICOLOGIA
E ESTUDOS DE GÊNERO
HISTÓRIA
DAS IDEIAS PSICOLÓGICAS
HISTÓRIA
DA PSICOLOGIA
PSICANÁLISE,
SUBJETIVAÇAO E CULTURA
CONTEMPORÂNEA
PSICOLOGIA
EVOLUCIONISTA
SUBJETIVIDADE,
CONHECIMENTO E PRÁTICAS
SOCIAIS
PSICOLOGIA
SOCIOHISTÓRICA E O CONTEXTO DA
DESIGUALDADE BRASILEIRA
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