quinta-feira, 4 de junho de 2015

ENTREVISTA com Susana de Matos Viegas: Trabalho antropológico no Brasil e em Timor Leste



Esta entrevista foi realizada em Lisboa, em janeiro de 2014, por Karla Cunha Pádua, na ocasião em que realizava estágio pós-doutoral, com financiamento da Capes, no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL), com Susana de Matos Viegas como colaboradora no exterior. A antropóloga foi professora da Universidade de Coimbra até 2006, quando se tornou investigadora do ICS, onde desenvolve estudos e pesquisas sobre socialidade ameríndia, pessoa, identidade e território, parentesco e gênero, experiência vivida, e historicidades. Em seu doutorado, na Universidade de Coimbra, sobre Socialidades Tupi: identidade e experiência vivida entre índios-caboclos (Bahia/Brasil), orientado por João de Pina Cabral (ICS-UL), que resultou no livro publicado em 2007, com o título Terra Calada: Os Tupinambá na Mata Atlântica do Sul da Bahia, Susana de Matos Viegas introduziu uma nova perspectiva de análise dos índios do Nordeste, em diálogo com a literatura americanista, privilegiando a abordagem da experiência vivida. Nessa abordagem, observam-se influências teóricas que integram na tradição antropológica europeia influência da etnologia e antropologia brasileiras. Em 2004, foi convidada pela FUNAI/UNESCO para coordenar, com a colaboração de Jorge Luiz de Paula (AER Governador Valadares), o Grupo Técnico (GT) com o objetivo de realizar os trabalhos de Identificação e Delimitação da Terra Indígena Tupinambá de Olivença/BA, que resultou no Relatório Circunstanciado, concluído em 2009. Apesar da aprovação desse relatório pela FUNAI e pela consultoria jurídica do Ministério da Justiça, o processo demarcatório até hoje não foi concluído, o que vem gerando intensas disputas na região e graves situações de ameaças, espancamentos, homicídios, prisões de lideranças, intensificação de ataques, conflitos e discriminação aos índios, por parte de indivíduos e grupos contrários ao reconhecimento de seus direitos territoriais. Em meio a esse processo, Susana de Matos Viegas iniciou nova pesquisa, dando prosseguimento a seus estudos sobre o tema da territorialidade, porém, agora escolhendo o Timor-Leste, no sudeste asiático, para a realização do trabalho de campo. Na entrevista, a antropóloga desenvolve suas reflexões sobre essa trajetória de pesquisa e seu envolvimento com questões tão prementes no Brasil contemporâneo. O modelo proposto pela entrevistadora foi o da entrevista narrativa, no qual é apresentada uma única questão gerativa, deixando a entrevistada livre para construir o seu relato em torno da questão proposta, sem intervenções. Ao final da narrativa principal assim construída, a entrevistadora pôde solicitar alguns esclarecimentos, dando origem a outras narrativas.
Para ler a entrevista que Karla Cunha Pádua realizou com a antropóloga portuguesa Susana de Matos Viegas clique aqui


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