ENTREVISTA com Susana de Matos Viegas: Trabalho antropológico no Brasil e em Timor Leste
Esta entrevista foi realizada em
Lisboa, em janeiro de 2014, por Karla Cunha Pádua, na ocasião em que realizava
estágio pós-doutoral, com financiamento da Capes, no Instituto de Ciências
Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL), com Susana de Matos Viegas como
colaboradora no exterior. A antropóloga foi professora da Universidade de
Coimbra até 2006, quando se tornou investigadora do ICS, onde desenvolve
estudos e pesquisas sobre socialidade ameríndia, pessoa, identidade e
território, parentesco e gênero, experiência vivida, e historicidades. Em seu
doutorado, na Universidade de Coimbra, sobre Socialidades Tupi: identidade e
experiência vivida entre índios-caboclos (Bahia/Brasil), orientado por João de
Pina Cabral (ICS-UL), que resultou no livro publicado em 2007, com o título
Terra Calada: Os Tupinambá na Mata Atlântica do Sul da Bahia, Susana de Matos
Viegas introduziu uma nova perspectiva de análise dos índios do Nordeste, em
diálogo com a literatura americanista, privilegiando a abordagem da experiência
vivida. Nessa abordagem, observam-se influências teóricas que integram na
tradição antropológica europeia influência da etnologia e antropologia
brasileiras. Em 2004, foi convidada pela FUNAI/UNESCO para coordenar, com a
colaboração de Jorge Luiz de Paula (AER Governador Valadares), o Grupo Técnico
(GT) com o objetivo de realizar os trabalhos de Identificação e Delimitação da
Terra Indígena Tupinambá de Olivença/BA, que resultou no Relatório
Circunstanciado, concluído em 2009. Apesar da aprovação desse relatório pela
FUNAI e pela consultoria jurídica do Ministério da Justiça, o processo
demarcatório até hoje não foi concluído, o que vem gerando intensas disputas na
região e graves situações de ameaças, espancamentos, homicídios, prisões de
lideranças, intensificação de ataques, conflitos e discriminação aos índios,
por parte de indivíduos e grupos contrários ao reconhecimento de seus direitos
territoriais. Em meio a esse processo, Susana de Matos Viegas iniciou nova pesquisa,
dando prosseguimento a seus estudos sobre o tema da territorialidade, porém,
agora escolhendo o Timor-Leste, no sudeste asiático, para a realização do
trabalho de campo. Na entrevista, a antropóloga desenvolve suas reflexões sobre
essa trajetória de pesquisa e seu envolvimento com questões tão prementes no
Brasil contemporâneo. O modelo proposto pela entrevistadora foi o da entrevista
narrativa, no qual é apresentada uma única questão gerativa, deixando a
entrevistada livre para construir o seu relato em torno da questão proposta,
sem intervenções. Ao final da narrativa principal assim construída, a
entrevistadora pôde solicitar alguns esclarecimentos, dando origem a outras
narrativas.
Para ler a entrevista que Karla
Cunha Pádua realizou com a antropóloga portuguesa Susana de Matos Viegas clique
aqui
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