Snowden: hora de subverter o neo-totalitarismo
Foi um tapa na cara do Império. Edward Snowden, o ex-funcionário terceirizado dos serviços secretos norte-americanos, invocou os Princípios de Nuremberg, ao falar, sexta-feira (12/6) à tarde a organizações de defesa dos direitos humanos, no aeroporto de Sheremetyevo (Moscou). Ao fazê-lo, evocava a luta contra o totalitarismo, e o papel destacado que os EUA nela jogaram, entre o fim da II Guerra Mundial e o início dos anos 1980.
Snowden está confinado em Sheremetyevo há duas semanas. Pelo menos três países latino-americanos — Equador, Nicarágua e Venezuela — concederam-lhe asilo político, na condição de refugiado político. Mas os EUA pressionam intensamente estas nações a recuar, como revela o New York Times. Paira, desde o ato de pirataria aérea contra Evo Morales, ameaça implícita de um atentado contra o voo que o trará à América do Sul. Pior: nas últimas horas, Washington passou a pressionar diretamente Moscou, para que não conceda asilo ao homem que denunciou a espionagem global.
Foi certamente por isso que Snowden relembrou os Princípios de Nuremberg. Adotados no julgamento dos crimes de guerra nazistas, assumidos em seguida pela ONU como parte do Direito Internacional, eles frisam que não é possível invocar ordens superiores, ou mesmo leis, para justificar o desrespeito a princípios éticos.
Sinal dos tempos: em Nuremberg, os EUA tiveram papel central para desfazer o mito segundo o qual os atentados contra os direitos humanos devem ser perdoados, quando cometidos por quem recebeu “orientações de cima”. Hoje, Washington escora-se numa legalidade esfrangalhada para pedir que o mundo permita-lhe perseguir quem revelou seus crimes (Antonio Martins)…
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